Paul Brand era médico e missionário em uma colônia de leprosos. Uma das muitas frases que ele nos deixou foi: ame a sua dor. Ao nos explicar o significado desta frase, ele se baseou em sua experiência como médico e como missionário. Uma vez, ele nos disse que tínhamos uma imagem errada dos leprosos, ao imaginá-los sempre sem os dedos ou até mesmo sem o nariz. Na verdade, chegamos à conclusão errônea de que estas mutilações são consequência da lepra (ou doença de Hansen) em si.
O que ocorre é que os leprosos perdem a sensibilidade. É o que a doença de Hansen realmente causa: ela faz que as pessoas não sintam dor. Elas podem tocar um fogão ou uma panela sem se dar conta que eles estão queimando de quente, até que um dedo caia. Ou coçar o nariz até que ele se infeccione e acabe caindo. Agora fica muito claro o que o dr. Brand quis dizer ao nos aconselhar a amar a nossa dor.
Todo tipo de dor nada mais é do que uma espécie de conselheiro, que nos diz algo sobre nós mesmos. Ela pode ser física, emocional ou mesmo espiritual. Podemos estar doentes, experimentar uma série de sentimentos ou nossas vidas podem estar sem rumo.
O dr. Brand costumava dizer que devíamos amar nossa dor, e parte deste amor se manifestaria na possibilidade de podermos investigar as suas origens. Do mesmo modo que ocorre com uma pérola de grande valor, podemos descobrir alguma coisa sobre nós mesmos. Mas que tipo de coisa poderíamos descobrir a nosso respeito? Isso é uma decisão que varia de pessoa para pessoa.
Um outro médico, dr. David D. Burns, escreveu um livro sobre as diferentes origens do desconforto psicológico. O título do livro é Sentindo-se bem: A nova terapia do humor. Neste livro, o dr. Burns, que é professor de psiquiatria, discute as possíveis causas do desconforto psicológico. É um livro que vale a pena ler.
Como vocês devem ter notado, acredito que noventa e cinco por cento do sofrimento humano é desnecessário e, em grande medida, de origem neurótica. Quando uma pessoa querida morre, nunca mais veremos esta pessoa novamente. Isso sim é que é sofrimento. Mas sempre podemos fazer algo para minorar nosso complexo de culpa, nossa ansiedade em relação ao futuro ou complexo de culpa, nosssa ansiedade em relação ao futuro ou nosso complexo de inferioridade, e é isto o que sempre deveríamos fazer.
Como diria o dr. Brand, devemos amar a nossa dor e investigar as suas causas, onde quer que elas estejam.
Quanto mais nos deixarmos abater pela dor, menor será a nossa capacidade de amar e de cuidar do próximo.
(Texto do livro: Histórias do meu coração. Henri Nouwen - Ed. Loyola)
quinta-feira, 29 de abril de 2010
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Olha irmão, vc está nos devendo um livro...Muito bom!!!
ResponderExcluirWilliam Gomes
Muito bom texto, por vezes nos preocupamos mais em murmurar, do que em procurar o real motivo das nossas dores!! A medida que amamos a nossa dor, a conhecemos melhor, e como diz Dr. Brand, achamos onde está a causa.
ResponderExcluirMas uma dica, o motivos podem ser os diversos, mas a solução está ao pés de Cristo.
Abraços.